ASSOCIAÇÃO SOMAR BRASIL

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Juiz de Fora, Minas Gerais, Brazil
A Somar Brasil foi criada em 2010, em Juiz de Fora/MG, quando um grupo de pessoas com deficiência percebeu que, para mudar os discursos da sociedade sobre as dificuldades de inclusão, era preciso derrubar barreiras. Depois de identificadas essas barreiras, colocadas pelas pessoas com deficiência, familiares, empresários, médicos, professores e outros profissionais, o grupo decidiu derrubá-las, uma a uma, num trabalho de campo, em que cada um expõe o que pensa, fala dos problemas e temores e, juntos, buscam soluções. Descobrimos que a palavra “preconceito” perde lugar para “desconhecimento” e por isso é preciso mostrar como conviver em diversidade.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

DESRESPEITO NAS RUAS


CAPA TRIBUNA DE MINAS - 16 DE FEVEREIRO DE 2011


Settra multa 1.617 por estacionar em vagas de idoso e deficiente. O estacionamento irregular em vagas exclusivas para idosos e portadores de deficiência totalizou 1.617 multas no ano passado, correspondendo a uma média de 4,4 autuações por dia. Segundo levantamento da Settra, foram 1.010 emissões referentes a espaços destinados a idosos e 607 para vagas voltadas para deficientes.

Na Halfeld, ocupação indevida não é feita apenas por automóveis (foto)


GERAL
Áreas para deficientes e idosos

Mais de 1.600 multas em vagas proibidas

Eduardo Vanini
Repórter


O estacionamento irregular em vagas exclusivas para idosos e portadores de deficiência totalizou 1.617 multas no ano passado, correspondendo a uma média de 4,4 autuações por dia. Segundo levantamento da Settra, foram 1.010 emissões referentes a espaços destinados a idosos e 607 para vagas voltadas para deficientes. Em janeiro deste ano, a média foi de 3,3 multas por dia, com 53 notificações para quem parou em vagas para pessoas com necessidades especiais e 42 em locais para idosos. A cidade oferece 93 espaços do tipo, mas usuários enfrentam dificuldades para utilizá-los. Na última segunda-feira, um aposentado de 80 anos se desentendeu com um policial em serviço, que teria deixado a motocicleta em uma vaga para idosos, na Rua Santa Rita, Centro. Neste caso, o policial tinha o direito de usar a vaga especial. Mas motoristas que estacionam nesses locais sem autorização cometem infração leve, estando sujeitos a multa de R$ 51 e perda de três pontos na carteira.

Na avaliação do chefe do Departamento de Fiscalização de Transporte e Trânsito da Settra, Jorge Lima, o índice de multas é baixo, diante da frota de 177 mil veículos emplacados na cidade. Mas, como admitiu, o monitoramento tem sido reduzido, já que muitos agentes de trânsito vêm atuando em frentes de obras, diminuindo o efetivo na região central. Segundo ele, a situação também é reflexo de um individualismo, no qual as pessoas querem, a todo custo, estacionar próximo ao ponto de destino. Sendo assim, para Lima, o quadro só poderá ser modificado por meio da adoção de políticas de conscientização, aliadas ao fortalecimento da fiscalização.

A dona de casa Arinete Maria Marques, 48 anos, é mãe de Cristiano, 31, e Bernardo, 10, ambos portadores de paralisia cerebral. Para facilitar a locomoção dos filhos, ela mantém em dia o credenciamento do carro da família para utilização das vagas para deficientes. Mas, como relata, utilizar os espaços é um desafio. "Sempre que vou estacionar, estão ocupados por pessoas que não precisam deles e acabo utilizando estacionamentos particulares." Segundo ela, isso acontece com frequência, inclusive, em uma vaga em frente ao Fórum Benjamin Colucci. "Tem sempre alguém parado ali. Até procuro pelo motorista, mas nunca acho." Para Arinete, a situação se deve a dois motivos: falta de fiscalização eficiente e preconceito. "Muitos acabam se esquecendo de que as pessoas com necessidades especiais têm rotinas diárias, como ir a escola e centros de tratamento."

A "paradinha" é uma das grandes vilãs desses usuários, na avaliação da jornalista Thais Altomar, presidente da Somar Brasil, entidade que promove discussões acerca da acessibilidade. Ela é cadeirante e leva a filha de 6 anos à escola diariamente. Thais conta ser comum ter algum veículo ocupando o espaço reservado. "Isso acaba me atrapalhando. O famoso 'só um minutinho' também tem que ser combatido." A jornalista também nota certa falta de informação entre idosos que acreditam poder parar em vagas para deficientes ou o contrário. Por conta disso, ela sugere mais esclarecimentos sobre as regras de uso. Em visita às ruas, a Tribuna também encontrou barracas ocupando vagas de idosos.

Entre a terceira idade, o descontentamento é grande. "Muitas vezes, passo em até cinco locais e não acho vagas", conta a aposentada Dilva Araújo, 66. Ela tem o credenciamento, mas possui dificuldades em usá-lo, restando, como alternativa, os estacionamentos privados. "Esse desrespeito não é só em relação às vagas. Ocorre também em ônibus e filas de supermercado." Para ela, pessoas que não respeitam as regras estão agindo com falta de gentileza. "Precisamos de mais campanhas de conscientização."

O credenciamento pode ser obtido na Settra e tem renovação anual. No caso dos idosos, os interessados devem procurar a pasta munidos de cópias da identidade e de comprovante de residência. Já portadores de necessidades especiais precisam apresentar os mesmos documentos, além de laudo médico apontando a deficiência. Para ocupar a vaga, a autorização precisa estar exposta no vidro dianteiro do veículo.
A Settra fica na Av. Maria Perpétua 72, no Ladeira.

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